quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fala que eu corro pra atender...

A ArcelorMittal comunica que, mais uma vez, estará promovendo alterações de trânsito nas vias públicas que passam em frente ao seu patrimônio. E, claro, o Poder Público que se ajoelhe, se adapte, se exploda em explicar para os usuários da via pública e atenda o mais rapidamente que for possível.

Assim tem funcionado por muitos anos, em nosso município, uma relação de cafetinagem explícita. A cidade é a rameira que trabalha e se arrebenta, mas os louros e lucros maiores vão mesmo é para o cafetão.

Tudo o que a empresa realiza causa impacto. Seja social, seja ambiental, seja econômico, cada movimento da empresa significa um bocado de movimento da cidade, para se adaptar e compensar estes impactos. E João Monlevade aceita passiva, como carneiro, tudo que vier empurrado goela abaixo por parte da siderúrgica.

Acorda, povo!!! Este chão já pagou, antecipadamente, tudo que a empresa fingiu que retribuía à altura. No seu primórdio, convenhamos que a cidade ficou devendo à empresa. Mas já pagou. Um dos fundamentos de Justiça Econômica é que nenhuma cobrança pode ultrapassar o perfil da dívida. Isto é o que observamos em João Monlevade?

Perdemos parte do Centro Histórico. Parte do berço onde João Monlevade passou suas primeiras noites e dias. Tem preço? O ar que respiramos antes de medidas saneadoras terem sido tomadas, tem preço? O rio contaminado, o pó inseparável de nossas infâncias, tem preço?

João Monlevade precisa da empresa tanto quanto a empresa precisa de João Monlevade. A diferença é que João Monlevade não pode pendurar nas contas da empresa as demandas sociais geradas pela atuação da... empresa!

Bem, quanto a mim, não engulo este amontoado de baboseiras que o departamento de marquetingue tentará empurrar sobre nossas cabeças. Desde a Constituição Federal de 1988, a função social dos empreendimentos econômicos não pode ser afastada.

E isso não significa abrir os cofres de lucros estratosféricos para distribuir dinheiro entre os povos. Simplesmente significa que ao atingir, com seu interesse pecuniário, aquilo que pertence a uma sociedade inteira, o empreendimento econômico deve ressarcir esta sociedade de forma a produzir dois lucros: o financeiro para seus cofres, o social para seus iguais.

Simples de entender, mas não será obtido nenhum ressarcimento social se ficarmos esperando que a ArcelorMittal o faça por sentimento de caridade. Seu corpo gerencial é composto por raposas financeiras, e não por monges beneditinos.

Que o Poder Público assuma sua função de defensor dos interesses sociais de João Monlevade agora, porque depois será tarde demais.

2 comentários:

Wir Caetano disse...

Muito bem colocado, Celso. Há mesmo um servilismo que me parece quase ridículo. Boa essa referência ao Centro Histórico, dura realidade que a empresa maquia com o projeto "Memória Empresarial".

Anônimo disse...

Rameira,politicos rameiros irresponsaveis,na sua grande maioria,mal acessorados,sai uma equipe fumo e entra outro fumo.
Deus que me perdoe,mas essa cidade so arranca se encontrar um prefeito msid mscho,corajoso que dialogue com a dona ArcelorMittal sem ficar com a bunda pra cima.
RAMEIRA COMANDADA POR RAMEIROS.