sábado, 15 de maio de 2010

"Proibido Promover"


No nosso meio, o da Polícia Civil, existe uma brincadeira com fundo de verdade. Ela diz que algumas pastas funcionais trazem a inscrição "Proibido Promover" escrita assim mesmo, com pincel atômico vermelho, no Departamento de RH em Belo Horizonte.

O que leva um pobre coitado a receber tal honraria é parte inafastável do espírito de corpo (ou corporativismo) que ronda quase todas as categorias profissionais. Assim não vou elucidar para nenhum de vocês. Usem a imaginação, sempre é permitido.

Algumas vezes o "Proibido Promover" é autoexplicativo. Outras vezes, não existe imaginário popular que o explique, nem que o justifique segundo padrões mínimos de honradez.

Transportando para nosso município, o "Proibido Promover" também se faz forte e atuante. Já o vi acontecendo inúmeras vezes, mudando apenas a vítima em potencial. Claro que me lembro mais fortemente de Laércio Ribeiro, Carlos Moreira e Gustavo Prandini, visto terem sido os mais recentes mandatários do Executivo Municipal. Mas o carimbaço já vitimou muitos outros, é óbvio. Centralizar nos Prefeitos é apenas uma forma de exemplificar com imagens mais vívidas.

Quando se diz que uma mídia aposta alto em resultados de seu interesse, esta não chega a ser uma crítica. É uma realidade que nos cerca no mundo inteiro. Todos nós apostamos em resultados que nos interessem diretamente, e nada disso é antinatural. Antinatural é colocar na pasta funcional do sujeito um "Proibido Promover" se ele não tiver feito algo hercúleo para merecer o carimbo.

E dos três Prefeitos citados, apenas Carlos Moreira deixou de receber o seu "Proibido Promover" em larga escala. Não que tenha sido de uma luminosidade estelar em matéria de governabilidade e habilidade políticas. Simplesmente porque lhe faltou o adversário obstinado. E sempre contou com um aliado de peso, no caso Mauri Torres, que acumulou gordura política suficiente para queimar na região inteira. E com méritos, porque sou crítico mas não sou cretino.

Moreira é o nosso Schumacher. Como avaliar seu verdadeiro talento se não houve adversário à altura? Senna, Prost, Piquet, Mansell, Lauda, correram juntos. Senna foi melhor porque bateu os melhores e mais talentosos pilotos de toda uma geração. Schumacher correu praticamente sozinho.

É possível, mas não provável, que possamos observar Carlos Moreira em uma corrida eleitoral em 2012. Se o Projeto Ficha Limpa na política for substancialmente alterado no Congresso Nacional, a possibilidade vira realidade. Se o projeto não for alterado, a possibilidade é pequena , já que o radialista possui condenações judiciais em esfera colegiada e tende a coletar outras no futuro próximo.

E o que poderemos observar, no pleito de 2012? Quantos carimbos de "Proibido Promover" estarão sendo aplicados nos eventuais nomes? E por quem?

Espanta-me não é a oposição. Ela existiu sempre e sempre existirá. Espanta-me é a volúpia, a ganância, o frenesi de loucura com que ela é aplicada em João monlevade, a lideranças oriundas de outro ninho que não o de Mauri Torres. Mauri é, claramente, o divisor de águas que pendeu nossa região para um espectro político mais central. Ele não é de esquerda e tampouco pode ser taxado de reacionário.

Como tantos outros rótulos, estes dois envelheceram inexoravelmente e hoje só fazem sentido real em placas de trânsito, mas como ainda não foram substituídos por rótulos mais atuais, terão que servir para o momento.

Através de Mauri, os dois Prefeitos mais caçambados da história de João Monlevade respondem pelos nomes de Laércio Ribeiro e Gustavo Prandini. Não tenho autoridade formal para declarar se justa ou injustamente, mas ambos guardarão cicatrizes da guerrilha. Se há méritos adicionais a computar no nome de Gustavo Prandini, um deles é o de ter aplicado uma sonora paulada no lombo do grupo político capitaneado por Mauri Torres, no pleito de 2008. Estão procurando o caminhão que os atropelou até agora, passados quase 18 meses do "acidente".

E este mérito em potencial foi obtido com o auxílio do Partido dos Trabalhadores, numa ironia poética que ainda comove, a quem gosta do bom combate em política. Será que existe o sentimento genuíno de aliança, respeitados os interesses futuros, para estes dois grupos?

Porque boa política não se faz com hipocrisia. Se faz com maturidade e muito, muito diálogo. A boa política não existe sem a aglutinação das forças em prol de um objetivo comum para o presente, mesmo que insondável para o futuro.

A mídia monlevadense, em sua posição majoritária, já escolheu sua bandeira para o futuro. Este fato está consolidado e não fará parte de nenhuma aglutinação futura. A crítica que faço é que nossa mídia majoritária é malandra ao ponto de misturar agendas, a política e a pública, como se fossem uma só. E não são.

Uma agenda pública requer mais maturidade de visões, que nosso município tem sido capaz de prover, por enquanto. Uma agenda pública envolve um compromisso com a cidade, antes de se haver qualquer compromisso com um grupo. E, neste aspecto, alguns setores de João Monlevade são imaturos a um nível muito superior que o da "meninada" que querem destruir.

A meninada é imatura por razões biológicas. Esta é desculpável, porque a passagem do tempo pode curar. As outras imaturidades observadas são muito precocupantes, porque a passagem do tempo só as intensificaram à enésima potência.

Que a meninada não ouça bons conselhos é uma pena, porque estaria brilhando com vigor próprio e sabedoria bem assimilada. Que muitos setores próprios de João Monlevade ofereçam conselhos de quinta categoria (quando se postam diante de nós como abnegados colaboradores) é decepcionante. Significa que o carimbo de "Proibido Promover" aplicado ao atual governo é fruto de amargura e raiva, não de um projeto sério de contraponto de ideias e diretrizes.

Se oito de meus vizinhos me dizem em 365 dias por ano, que sou um péssimo pai, adianta meus dois filhos dizerem aos vizinhos que sou exatamente o pai que eles precisam, com meus erros e acertos? É possível enganar ao enganador?

Eis o ponto principal, a espada da lógica que tanta gente teima em não brandir em sua luta. Deve-se governar para João Monlevade, não para Mauri Torres ou para qualquer outro nome. Porque daqui a cinquenta anos, quando estivermos todos mortos, João Monlevade ainda estará muito viva. E espero que muito melhor, através do trabalho de muitas pessoas.

Todo poder emana do povo, se em seu nome e em seu benefício for exercido. Nunca é o produto que causa incerteza, mas as reais intenções de seu fabricante. Pensemos bem nisso.

Com relação ao jogo saudável de ataque e contra-ataque na política, lembrar dos atores e das máscaras é fundamental. Se alguém quiser transpor para outra esfera, e temos visto inclusive transposições para a esfera pessoal, de ambos os lados, isso é diminuir o jogo e autodeclarar a imaturidade ampla, geral e irrestrita. Pode até não pegar tão mal para meninada, embora continue sendo incorreto. Mas para a marmanjada, é de uma insanidade e de uma baixeza que beiram o absurdo. Me incluam fora dessa, por favor.

P.S - O termo meninada, aqui usado, é geral. Para os muito jovens e imaturos de todos os lados. Quanto aos só imaturos, a regra é tentar dar exemplos. De preferência positivos, porque mais tarde não adiantará se perguntar: *****, de onde saiu tanta porcaria para ocupar esta cabeça?

Nenhum comentário: