quarta-feira, 21 de julho de 2010

1979


Neste ano, o bipartidarismo acabava formalmente em território brasileiro. Mesmo no fim dos cinzentos anos da ditadura militar, um dos fundamentos democráticos que mais fez falta foi justamente o pluralismo das ideias e visões.

Não se deve enxergar o pluripartidarismo somente pela ótica da derrocada daquele regime. Antes, foi uma manobra diversionista para enfraquecer a oposição, naquele momento representada apenas pelo MDB.

Fracionados, este e a Arena (alinhada com o regime) perderiam forças gradativamente, mas o partido oposicionista perderia forças de forma mais rápida. Foi o que aconteceu, sendo que somente em 2002 um partido de histórica oposição chegou à Presidência da República.

Em 2010, os alinhamentos que faziam todo o sentido durante os anos de chumbo soam tão modernos quanto uma lamparina. Mas o bipartidarismo está ainda rondando o Brasil, fruto de uma legislação eleitoral que tem lixo e entulho a encher os olhos.

Entretanto, aos poucos vamos nos dando conta de algumas realidades: PT e PSDB não vão, sozinhos, explicar o Brasil inteiro. Não possuem esta capacidade - como de resto nenhuma outra combinação dupla de siglas poderia fazer - e nem podem se arvorar como as únicas realidades válidas para uma nação do porte do Brasil.

Em algum momento de nossa história, vamos nos encaminhar novamente para uma quantidade menor de partidos políticos. Não dois, porque Direita e Esquerda, hoje, só existem mesmo nas placas de trânsito. Mas também não cabem vinte e três, porque o mundo político não é tão vasto em suas respostas e grande parte dos partidos que conhecemos é só baldinho de votos de reserva, para legendas espertalhonas em periodo eleitoral.

Mais que partidos, a política se faz com homens. Está aí uma realidade que ninguém pode mudar. Nem mesmo o marquetingue... Que constrói homens impossíveis, eu admito.

Com o amadurecimento das relações institucionais brasileiras, penso que vamos ter uns seis ou sete grandes partidos em alguns anos. Com projetos e linha de atuação definida, claro. Aos satélites, ficará reservada a História de como o Brasil, finalmente, consolidou a Democracia plena.

É aguardar e ir treinando nas urnas. Por que se limitar a dois pólos, quando a sociedade brasileira já não cabe em somentre duas direções?

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