sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Escolha um governante, não um publicitário


Após o primeiro debate entre marqueteiros, ops, candidatos à Presidência da República, que pude assistir ontem à noite pela televisão, percebi que o ser humano é naturalmente esperto. O que não significa que seja sábio, porque esta premissa advém de uma longa jornada de erros e aprendizados comuns, colhidos a cada dia vivido.

Particularmente sinto-me esperto porque, dentre os três marqueteiros envolvidos na construção de imagem dos três maiores expoentes da eleição presidencial, apenas o de Marina Silva permitiu que ela continuasse humana perante o povo.

Debaixo de todo o construto artificial que qualquer candidato a presidente tem que apresentar, Marina ainda apresenta-se como uma pessoa debaixo da fantasia. E eu não me animo com a ideia de ser governado por um golem, o que significa que minha opção de voto pela seringueira arretada só se fortalece.

Desde 1989, onde Lula foi derrotado não por um candidato - Fernando Collor de Melo - mas por um avatar - "O caçador de Marajás", vocês lembram? - já se imaginava que nossos políticos aprenderiam a mercadejar muito bem suas plataformas eleitorais. O que eu não imaginava é que Lula faria a mesma jogada anos depois. Modernizar-se não é adotar a podridão reinante, é criar pelo menos uma rota de fuga desta degeneração de valores.

Bom, o resumo da ópera é: graças a Deus não temos Pedro Simon, Demóstenes Torres e outros bons nomes como candidatos. Tenho medo do que o marketingue faria com estes grandes homens e mulheres de nossa linha política da sobriedade...

Se eu pudesse dar um presente singelo e genuíno aos brasileiros, seria este conselho: vamos escolher um governante, porque precisamos de um bom governar. Escolher um publicitário não corrigirá nossos problemas de base, mesmo que a propaganda faça o mundo acreditar que estaremos num mar de rosas. Quem precisa do Brasil são os brasileiros, não o mundo.

Um comentário:

Marcelinho disse...

Caro Amigo Célio,
oportuna e de grande valia esta reflexão, à qual pode-se analisar, também, a campanha para governador de nosso estado.
O próprio marqueteiro do Hélio Costa escondeu a imagem deste por ele não ser muito bem aceito em Minas.
No blog do amigo Werton há um post muito interessante sob o título de VOTO ENVERGONHADO (http://pitaculo.blogspot.com/2010/08/voto-envergonhado.html).
Pois bem. Podemos refletir que estamos QUASE ferrados. Em quem votar?
No debate de ontem na BAND, sob uma análise superficial (pois todos estavam muito superficiais em suas respostas) NINGUÉM mereceria meu voto.
É uma pena, como você disse, "graças a Deus não temos Pedro Simon, Demóstenes Torres e outros bons nomes como candidatos. Tenho medo do que o marketingue faria com estes grandes homens e mulheres de nossa linha política da sobriedade...".
Então, nos resta ficarmos de olho, e vamos que vamos, subindo a montanha.
Abraços.