terça-feira, 3 de agosto de 2010

Turnover Político


Sou adepto incondicional do turnover no ambiente político, qualquer que seja ele. A perpetuação de qualquer modelo de gestão pública engessa governantes e governados. Massacra inovações dialógicas e beneficia os lenientes.

Por isso não entendo a estupenda manobra de ocultar o nome de José Serra nos materiais de campanha do PSDB em Minas Gerais. Que tenha ficado alguma mágoa em relação à rota seguida por Aécio Neves (um vôo solo com aterrisagem garantida no Senado), eu posso entender. Mas extirpar da campanha mineira o nome do candidato a Presidente é inviável para meu pouco intelecto.

Não sou um detrator do Partido dos Trabalhadores. Penso que o turnover ocorrido em 2002 era fundamental, após oito anos de um modelo político diametralmente oposto. Da mesma forma penso que chegou a hora de outra rotação de nomes e propósitos. Se isso me torna um cético, que honra... É o que defendo neste espaço há muito tempo.

Minha candidata a Presidente é largamente conhecida, portanto vamos deixar de lado esta questão pessoal. O Brasil ainda não está preparado para Marina Silva e para sua plataforma de governo, mais evoluída que as demais, porém com remotas chances de obter sucesso em Outubro. Torço, mas não ignoro que o caminho, se for viável, é muito árduo e complexo para que ela se viabilize agora. Votarei em Marina por acreditar que o único viés de evolução que possuímos agora.

Da mesma forma acredito que a rotatividade de nomes e projetos não ocorre de cima para baixo. Pelo contrário, a manutenção da rotina é que acontece assim. O turnover real, determinado pela inteligência do eleitorado, ocorre das bases para o topo. Uma vez que o cidadão comum forme seu pensamento votante, nenhum tsunami externo pode afetar esta decisão.

É claro que o voto brasileiro é contaminado pela ideia da valoração de cidadania, onde o eleitor é induzido a acreditar que existe voto "útil". Voto é voto, e soberano na Democracia. Todo voto é sempre útil e valioso. Às vezes, seguir a corrente da maioria é que é totalmente inútil.

Dentro da formulação muito primária que o espaço do Blog oferece, procuro reafirmar sempre que o turnover, a rotação, a mudança, carrega em seu bojo uma chance de aprimoramento indiscutível para o ambiente social em que vivemos. Até porque não existe um governo que se sustente, em nenhuma esfera, quando sua imagem popular já sofreu uma depreciação irreversível.

Enquanto há tempo e atitude, os rumos de qualquer gestão podem ser ajustados e recalibrados. Após um certo momento - já tratado aqui mesmo como sendo o "no returning point" - um governo está tão desgastado que é infantilidade tentar cerzir os retalhos. Simplesmente chega a hora de oferecer um cobertor novo, a quem dele precise.

Os rumos de quem me governa são essenciais para mim e para meus irmãos de cidadania. Para uma evolução real e produtiva, todo um povo precisa definir o que quer, como quer, e quem será mais habilitado a oferecer o remédio correto. Caso a sociedade esteja doente, é claro, porque um corpo saudável não requer intervenção alguma.

Infelizmente, parece não ser o caso brasileiro no momento. Em todos os níveis, com poucas e maravilhosas exceções, a construção política brasileira requer muito turnover e, quem sabe, uma refundação de suas bases e princípios. Com aplicação enérgica de remédios nem sempre doces.


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