quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Muitos "Tropas de Elite"

Quando o primeiro filme foi lançado, muitas pessoas deixaram passar em branco a mais importante das suas muitas mensagens: a Nação somos nós que fazemos, todos os dias.

Não adianta bradar contra o traficante de drogas se existe quem financia a atividade dele. Não adianta cobrar dos filhos decência e respeito se os colocamos para assistir a filmes piratas. Não é inteligente cobrar do Poder Público o maior cuidado possível com um Posto de Saúde, se vamos correr para lá a qualquer dor de cabeça ou garganta que inflama.

Não dá para dizer que nossa escola pública é péssima, se não existe a vontade firme de auxiliar esta escola nas atividades do filho que a frequenta.

Nosso país é um reflexo do que nós somos. E o recado do que somos, mandado para o mundo, não mostra uma imagem muito bonita. Somos uma nação que debocha de si mesma: indignados com nossos homens públicos, esperamos apenas chegar outro período eleitoral para colocá-los novamente no mesmo lugar.

Consideramos normal comprar e não pagar. Desrespeitar horários. Furar filas. Jogar lixo na rua e fazer xixi em poste. Temos medo do terno e gravata e temos preconceito da enxada na mão e da roupa suja de terra ou barro. Sem lembrar que debaixo do terno pode estar uma nulidade, mas empunhando a enxada estará, quase sempre, um homem íntegro.

Acreditamos em qualquer coisa que seja dita mil vezes, ao passo em que duvidamos do que nossos próprios olhos enxergam dez vezes. Valoramos as pessoas pelas suas palavras, em lugar de prestar a maior atenção em suas atitudes.

Somos nós que fazemos o Brasil em que vivemos ser assim. Somos nós que não gostamos de nós mesmos. Porque não temos tempo, porque não temos vontade, porque não temos atitudes concretas.

Esperamos o milagre, ainda que duvidemos do divino que o permita acontecer.

Somos nós, então, o fim da nossa esperança? De jeito nenhum. A Noite pode durar anos, mas está condenada a ceder lugar ao dia, ao calor e à luz.

Com nossa ajuda, a noite passa a durar apenas as horas que seu Criador imaginou para ela...

O segundo tropa de Elite traz outro recado subliminar: o Coronel Nascimento até espanca um político de maus bofes. Mas será que ao votar o Coronel Nascimento espancou sua própria preguiça de filtrar os políticos de maus bofes?

Finalizando, porque esperamos um paladino todo dia, se todos nós só esperamos ele tombar para debochar de sua luta solitária?


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