Havia quase me esquecido do quanto é desafiador e estimulante estar em ambiente acadêmico. Claro que, quase chegando a cinco décadas de vida, a presença é diferente. Menos explosiva, menos inquieta, menos ansiosa.
Nem por isso é menos prazerosa. É impossível explicar uma história de vida, mas eu tento. Minha infância foi alimentada com fubá e verduras, a maior parte do tempo. Não havia dinheiro para maiores luxos alimentares. Não considerei justo, em nenhum momento da minha vida consciente (após a vida instintiva da infância), que eu a terminasse com o mesmo tipo de alimentação para o corpo. Não aceitei seria o termo mais apropriado.
E imaginei que a minha mente e meu espírito não deveriam deixar de se alimentar com sabores mais apurados, da mesma forma. A Academia não torna alguém mais chancelado, mas indica o esforço em mudar destinos e histórias. Considero muito infeliz a escolha de quem opta por não aprimorar seu intelecto no ambiente de discussão e de conflito em alto nível.
E, claro que é bom lembrar, uma infância miserável não pode significar uma vida adulta de rancor, vingança e ódio contra o nascimento desfavorável. Sentir saudade dela (a infância miserável) obviamente tolice. mas sentir vergonha ou alimentar ódio contra ela e contra seus representantes é imbecilidade pura.
E nenhum ser humano pode se dar ao luxo de viver miseravelmente, por duas vezes, numa única vida.
Um comentário:
Célio,
Eu acredito que nunca é tarde para parar de estudar.
Eu mesmo não paro mais de estudar. É o que me move, o contato com outras idéias, outros ambientes. Sair às vezes do tecnicismo, nos ajuda a construir novos olhares, ou então, apreciar outras paisagens. O seu depoimento é um estímulo para outros que não devem parar de estudar nunca.
Abraços!
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