terça-feira, 14 de junho de 2011

Resistência digna

"Você vai ver quando precisar de mim."

Faço o registro de frase que teria sido dita pelo Prefeito a um vigia do Centro Educacional de João Monlevade, segundo matéria do Jornal Bom Dia de hoje.

É assédio moral. Para quem não conhece, é uma ameaça explícita ou velada, praticada em ambiente de trabalho, contra qualquer cidadão. Pode partir de superior hierárquico ou não, mas ainda é tipificada como conduta condenável.

Todo mundo precisa do Prefeito Municipal. É um pressuposto da ação em vida pública que os cidadãos deleguem responsabilidades de trabalho a ser bem feito, aos que coloquem seus nomes à disposição da sociedade organizada.

Fica o meu registro de incredulidade para o episódio. A fala, caso verídica, implica numa mensagem nada abonadora para o homem público envolvido. Ela diz, implicitamente: "Vou me esquecer de tudo o que me propus fazer para a sociedade monlevadense, e vou fazer o que me propus evitar, tratando você como um exemplo para os outros. Você irá para um tribunal de exceção, e será tratado como um pária, porque não atendeu o meu desejo individual."

Prefeito, seu cargo diz respeito aos desejos coletivos, enquanto o senhor o ocupar. Sugiro, humildemente, a lembrança desse norte até que o senhor readquira o direito de só pensar em seus interesses individuais. A figura do homem público tem que ser maior do que a figura do homem privado, desde que o sistema de vida social como a que conhecemos foi estabelecido no Ocidente, há mais de duzentos anos.

A propósito: aquele simples vigia tem uma vida que, à luz do que sabemos ser a cidadania, é tão importante como a minha vida, ou a vida do senhor mesmo. Para ser bem didático, a vida daquele vigia tem o mesmo valor intrínseco que vida de todos os habitantes do planeta.

O que muda, temporariamente, é o grau das responsabilidades sociais que nos comprometem.

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