terça-feira, 11 de outubro de 2011

O valor dos desempregados

Esta é uma das postagens mais difíceis para fazer. Porque ela se baseará unicamente no exercício da lógica e no uso racional dos argumentos, deve ser limpa de preconceitos e clara em seus objetivos. Vamos a ela, com calma e com fatos:

Ao conhecer o grupo político que apoiei, em 2007 (e que viria a ser consagrado como o vencedor das eleições em 2008), tive o pressentimento de que as coisas iriam se desenrolar com muitas dificuldades. Explicando melhor, na primeira reunião em que compareci para conhecer a pessoa de Gustavo Prandini, ele não compareceu para conhecer os novatos que chegavam.

Se foi por excesso de compromissos ou por deselegância não sei até hoje, mas a primeira impressão é que fica.

Na segunda reunião o candidato a prefeito compareceu, mas sentou-se à direita de Emerson Duarte, que ocupou a cabeceira da mesa. A segunda impressão não ajudou a melhorar a primeira. Na minha modesta opinião, o Capitão do barco ocupa o lugar principal. Sempre.

A partir daí, nenhuma decisão estratégica foi tomada com os membros do Partido Verde. Tudo o que se podia fazer era aguardar os jornais e verificar o que estava acontecendo na engenharia política, embora a engenharia eleitoral já estivesse entregue em boa parte ao PV.

A ética obriga ao respeito pelos detalhes, que serão omitidos. Uma vez que a estratégia de engenharia estava sendo tratada com o Partido dos Trabalhadores, o que os integrantes do Partido Verde fizeram foi tentar estruturar o PV local, na expectativa de alavancar a trajetória política do Candidato Gustavo Prandini. Possuíamos uma esperança real de oxigenação do cenário monlevadense, que se encontrava polarizado e estagnado entre forças que se anulavam, em vez de buscarem o senso comum do progresso social.

Todos os esforços de estruturar o PV em João Monlevade foram pouco incentivados e, muitas vezes, abortados pelo núcleo duro do comitê de campanha e gestão política. Mesmo após a eleição de Gustavo Prandini, a frase que me acostumei a tornar um mantra era: "Ótimo. Vencemos as eleições. agora é hora de montar um partido político."

Como todos a esta altura devem saber, não conseguimos e me desfiliei em Fevereiro de 2009. O que me propus fazer era a defesa intransigente do modelo em que acreditei. Os anos iniciais deste Blog confirmam isso. Tornei-me um combatente do Governo, mesmo duvidando de que fosse mudar estruturalmente.

Jamais me arrependo das coisas que faço e dos movimentos que realizo. Não faz parte do meu caráter. As vísceras do meu pensamento estão aí para ser reviradas, porque nunca apaguei ou apagarei qualquer artigo publicado no Drops de Sanidade. Não sei descer ao nível da covardia.

Mas ao nível da humildade eu desci. O tempo se encarregou de mostrar a mim mesmo que as pessoas a quem combati ferrenhamente, aqui no Drops, podiam ter seus motivos para combater também. A grande maioria hoje guarda por mim, pelo menos o respeito. Eu os procurei um a um, explicando as razões de minha batalha e a dignidade da minha esperança, enquanto esta viveu.

O que eu vi ao longo deste anos não me desapontou, não me fez amargo nem me desanimou. Apenas me defenestrou em outra direção, o que é perfeitamente lógico e racional. Alguns episódios falaram por si só, e não pretendo repisá-los neste artigo.

É claro que, sendo humanos, mágoas se criaram e vínculos se perderam. Entendo isso com naturalidade e não guardo qualquer rancor, com exceções que dizem respeito unicamente à minha pessoa conhecer. Peço licença aos leitores para guardar essas exceções comigo.

A propósito do título, ele é emprestado do Blog do Jornalista Thiago Moreira, a quem ainda devo a visita de cortesia e trégua. Hoje não faz sentido acreditar que Thiago seja apenas mais um combatente de outro exército. Ele combate pelo que acredita e aprendi a respeitar isso.

Por isso mesmo peguei emprestado o termo. Este núcleo de governo apostou nos desempregados, quando não retirou de bons empregos pessoas que, posteriormente, transformou em desempregados. Para um projeto que tinha como co-engenheiro o Partido dos Trabalhadores, não fazia o menor sentido. Mas foi assim que se materializou o ápice: em sua fase terminal, a aposta é feita novamente em desempregados, só que de luxo e com a grife PT com bordas douradas e gratificações, que muitos colaboradores de valor jamais viram em sua trajetória.

Eu, na minha humilde condição de estudioso do fenômeno humano, não apostaria que as pessoas convidadas a construir o final, possam corrigir o começo equivocado. Até porque O PT nacional possui vagas bem mais importantes que as proporcionadas pela cidadezinha que João Monlevade representa, a nível de Brasil inteiro.

O que faço agora é observar o final da agonia. Haverá muitos desempregados de valor, sobrando em nosso mercado de trabalho local. A vida vai seguir, as perdas serão assimiladas e novas pessoas chegarão, bem como irão permanecer muitos companheiros de jornada pregressa. Eu saí fortalecido, desses quatro anos e meio de vivências. 

Torço para que as pessoas de bem que eu conheci, passem pela mesma experiência de fortalecimento.

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