segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Nossa capacidade de inverter

Estou preocupado com o desfecho que as greves de policiais devem ter no Brasil. É quase certeiro que os colegas sejam tratados como bandidos, ou como se análogos a bandidos fossem. A reflexão tem que ser mais profunda.

Um dia a sociedade terá que escolher se abraça a profissão e a causa, arriscando-se a tomar um belo coice de chumbo no nariz por ela mesma, ou se define em um seminário técnico, sério e suprapartidário, que política de segurança se aplica ao Brasil de agora. E, claro, ao Brasil do futuro.

Nossa capacidade de inverter pautas é enorme e amoral em sua ganância. Já invertemos a pauta dos educadores e agora estamos para inverter a pauta dos profissionais de Segurança Pública. Daqui a pouco serão os profissionais da saúde. Mais para a frente, quem virá para ser o demônio da vez?

O Brasil opta pelo atraso. Quase sempre o atraso é que pontua nossas ações, como os ponteiros do relógio são confundidos com as horas. Para a Segurança Pública, essa equação não fecha mesmo. O simples contato direto e diário com o chorume da sociedade faz do policial um pólo perigoso: a partir de um determinado índice de segregação social que sofra, ele tende a enxergar cada vez menos a distância entre o poder do Estado e o estado de poder.

E são duas coisas completamente diferentes. Uma vem da organização do país por si mesma. Outra vem da organização paralela que o crime tem oportunidades de montar em nosso meio. Que Deus nos acuda se as escolhas não forem muito bem feitas.

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